2 Reis 6:24 a 7:20
Estamos a viver globalmente uma situação inesperada e ameaçadora.
Preventivamente a sabedoria diz-nos que devemos ficar em casa e cuidar uns os outros. Tenho ouvido ecos de medo, da doença, da
economia, da falta de alimentos e da gestão
emocional e familiar que a quarentena obrigará a fazer. Há quem considere que se chegar ao fim vivo, terá sobrevivido duas vezes… ao vírus e à família.
Mas eu gosto de sonhar. E sonho com um amanhã melhor do que o ontem. Sonho com um 2020 melhor do que 2019. Diferente e melhor. Não porque conseguimos adquirir mais coisas, mas porque aprendemos a reencontrar-nos. Porque achámos o verdadeiro sentido da vida.
Reaprendemos a poupar o que temos hoje em função do amanhã. E descobrimos novamente o sabor da açorda feita com pão duro, da sopa de legumes, da roupa velha do Natal. Da sandes de manteiga, ou de fiambre, ou de queijo em detrimento da sandes mista.
Reaprendemos a estar em casa: aquele telhado que nos acolhe todos os dias e que tantas vezes lamentamos não ter tempo para destrutar.
Reaprendemos o valor das pessoas, daqueles que amamos e dos outros… que sim, são mais valiosos do que qualquer coisa. E aqui o verdadeiro sentido de amar o próximo se encontra... “Como a ti mesmo”.
E seremos desafiados a estar juntos em família. Reaprendendo a brincar com as nossas crianças, a estimular a aprendizagem e a responsabiidade na partilha de tarefas, a incentivar a esperança e a infundir calma em tempo de ansiedade.
Sim, é muito importante a forma como falamos em nossa casa, como transmitimos segurança sem mascarar a realidade. Porque já chega de medo e há um caminho de fé e confiança que não se desvia da precaução.
De fé e confiança em Deus que tudo pode e a quem rogamos “Tem misericórdia de nós e do nosso mundo”,
E é desse caminho de fé e confiança que vos quero falar.
A Bíblia conta em 2 Reis 6 e 7 a história de Israel numa Guerra com a Síria.
Os sírios sitiaram a cidade capital do reino de Israel, Samaria, durante muitos, muitos dias. A sua estratégia de guerra era a de esperar pacientemente acampados em redor da cidade, a uma distância suficiente para que ninguém pudesse sair sem ser visto e que as flechas não lhes chegassem. Assim, quando estivessem fracos e famintos e sem esperança, render-se-iam e eles tomariam a cidade sem correr riscos.
O inimigo, fora, era a Síria com a sua ameaça de invasão que os colocava em prisão dentro das suas próprias portas.
Dentro, era o medo, a fome, a doença, a falta de coragem, de motivação, de força para acreditar, de fé.
Este cerco deu-se nos dias do Profeta Eliseu. Ele estava na cidade e falava a Palavra de Deus, uma palavra de esperança no meio do caos.
Certo dia, o Rei foi interpelado por uma mulher que pediu socorro. Pedia justiça numa causa, no minimo ignóbil. Com a vizinha tinham feito um acordo de sobreviverem ambas, comendo seus próprios filhos, mas a vizinha escondia o filho.
Este episódio extremo mostrou ao Rei o desespero da situação que se vivia e este, perdido, culpou Deus e o Profeta pela situação, ordenando mesmo a execução do Profeta.
Naquela altura já não havia comida, e uma cabeça de burro custava 80 peças de prata e uma caneca de estrume de pomba para o assar custava 3 peças de prata.
Nesta altura estava um capitão do exército, refém na sua própria cidade, à porta. Não era a porta da esperança, porta onde antes entravam alimentos e se tratava de conselhos, se resolviam questões; era agora a porta da prisão do desespero. O capitão tinha o poder, mas estava impotente. Nada podia fazer com as suas armas contra aquela ameaça.
Comentou com o Profeta “Vê, não há esperança, não há solução”
“Haverá sim, amanhã a esta hora haverá comida com fartura, farinha a um preço incrívelmente baixo que todos poderão comprar”. Amanhã terminará a fome e haverá fartura!
Oh, isso será impossível. Nem que Deus abrisse as janelas do Céu isso poderia acontecer.
Pois então, isso acontecerá, tu verás, mas não comerás da fartura.
Há sempre vozes dissonantes da fé. Vozes que procuram culpados fora de si, porque é demasiado difícil à humanidade aceitar a responsabilidade da sua conduta e conduzir-se responsavelmente.
Há sempre vozes negativas, olhos peritos em ver negro que acreditam no que veem e são duros em ouvir!
Nesta história, a situação era desesperada e a voz do profeta era dissonante. Era uma voz de esperança em vez de desespero.
Muitas vezes é dificil receber e validar a voz profética, porque ela altera a perspectiva sobre o presente em função do futuro. E, às vezes, é dificíl ver um futuro brilhante através de um presente duro, negro, de sofrimento.
Mas nós acreditamos em Conquista, e este é o nosso tema do mês. Acreditamos que “Vamos para a outra margem” e este é o nosso tema do ano, atravessando tempestades e vencendo ventos contrários.
Acreditamos numa geração de pessoas de todas as idades que de uma forma improvável, contra todas as expectativas, chegará ao destino, concretizará o sonho e construirá o Reino, completamente apaixonados por Deus e por pessoas.
E nesta história, no dia seguinte, aparecem 4 leprosos. Leprosos. Naqueles dias, de acordo com a lei, um leproso não podia entrar na cidade. Tinha de viver fora de portas. Era considerado impuro e não podia aproximar-se de ninguém, nem tocar pessoas ou objetos, sem que ficassem contaminados.
Estes 4 leprosos não sabiam o que fazer para sobreviver. Não tinham nada a perder e sem opções, decidiram arriscar.
Às vezes, por falta de opções somos forçados a fazer o que não faríamos em condições normais.
E os leprosos disseram para si que a sua sentença dentro ou fora de portas seria a morte, e valeria a pena tentar alguma coisa no acampamento dos sírios.
E ao chegar foram surpreendidos, não por soldades possantes e bem armados, mas por tendas vazias de pessoas e cheias de comida, roupa e outros bens. Comeram numa, encheram-se noutra, tiraram e esconderam prata e ouro, e voltaram… era um sonho? Os sírios tinham-se evaporado... Ali estava tudo o que o inimigo tinha trazido para se aguentar durante o tempo que fosse necessário persistir no cerco, mas não estava o inimigo.
Muitas vezes o inimigo não tem poder, realmente aquele poder, tem o poder que julgamos que ele tem.
Então, estes impováveis salvadores, desqualificados, lembraram-se de que havia uma cidade a morrer de fome e tornaram-se arautos de boas novas.
Mas o Rei não acreditou. Era bom demais para ser verdade e nada na história de Israel ou da Síria apontava para a possibilidade de um exército se declarar vencido sem batalha.
Mandou dois batedores, para confirmar. Voltariam?
E voltaram. E nesse dia houve, conforme a palavra do profeta, fartura em tempo de fome, e aquele capitão foi abalrroado por uma multidão faminta dentro de portas que corria para a comida, fora de portas. E assim viu, mas não comeu.
Fartura em tempo de fome.
Não sei se nesta história a tua personagem é o Rei desesperado que procura a quem culpar; o capitão impotente, preso a si mesmo pela descrença; a mulher que procura alimentar-se da sua própria família, retirando-lhe a possibilidade de ser o máximo que pode ser, para se tornar a fonte do seu suprimento de amor, de afeto, de compreensão.
Há tantas mães, hoje, que não comem os filhos no sentido literal, mas que os impedem de viver com responsabilidade as suas próprias vidas, confusas entre o amor de mãe e amor egoísta por si mesmas.
Não sei se pertences ao grupo dos improváveis leprosos, discriminados, segregados, considerados estranhos, incapazes, sem nada a perder que ousam entrar no acampamento do inimigo e estão dispostos a ser arautos de boas novas.
Ou se, por acaso, pertences à Voz profética que afirma que Haverá um Amanhã, e esse será de fartura.
Conheço essa Voz. Sei que Deus está a dizer que Havera Um AMANHÃ. Um amanhã de fartura em tempo de fome.
Se queres ouvir a Voz, rende-te não ao inimigo mas a Deus. Deixa que o Seu poder incrível faça o impensável na tua vida.
Se precisar de oração ou de encorajamento pode contactar os pastores através dos telefones 913340167 / 913340169 .
Se quiser contribuir como faz habitualmente na celebração presencial, pode usar o
IBAN PT50 0036 0042 9910 0383 5067 7
Vamos aproveitar para ser igreja, dentro de portas mas com fios para fora de portas, fios de internet, de telefone, de amor e cuidado que precisamos de ter uns para com os outros.
Pensamos nos irmãos idosos que não utilizam a internet. Vamos cuidar deles por telefone, com palavras de ânimo e encorajamento que reduzem o sentimento de solidão e, de forma prática, disponibilizando ajuda em caso de necessidade.
Vamos ser uma comunidade que se cuida.
Vamos valorizar este tempo passado com as nossas famílias e torná-lo inesquecível por boas razões.
Acredito que não seremos mais os mesmos.
Acredito que seremos melhores e que atravessaremos para a outra margem, carregando a bandeira de Conquistadores.
Estaremos sempre disponíveis a um telefonema de distância.
Oramos por todos os que estão doentes. Pela contenção do virus e que desapareça da mesma forma como apareceu… Rápida e desconhecida.
Oramos por todas as famílias que estarão reunidas 24/24, numa experiência única, para que todos os relacionamentos sejam fortalecidos e os laços de amor sejam reforçados.
Oramos por boas conversas, sabedoria e inteligência emocional na gestão de todos os conflitos e de todos os temores.
Convido todos os ouvintes que o desejarem a fazer comigo esta oração:
Entrego-me a Ti Deus.
Convido-te, Jesus, para entrares na minha vida e no meu lar e fazeres connosco esta quarentena. Que a Tua presença cure e restaure corações e corpos doentes de uma forma inesperada e que cresça a revelação de ti.