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Nos vários domínios da vida é importante investir. Neste número abordaremos o tema do investimento na formação espiritual e moral, por considerarmos ser esta uma área de influencia predominante em todas as outras e determinante nas escolhas que afectarão a vida.

Os jovens de hoje são confrontados com uma cultura em muitos aspectos amoral, e com um interesse crescente pelo que é transcendente, sobrenatural. A busca e a prática de ciências ocultas está a tornar-se tão comum e tão “in” que podem ser encontrados apelos em todos os meios de comunicação, filmes, literatura, nas escolas e até nas ruas e á porta de supermercados. Não é preciso esconder-se nem viajar muito para visitar o bruxo e quem não alinhar, é desconsiderado.

Este é o resultado da ausência de investimento espiritual, em primeiro lugar por parte das famílias e depois também (porque não admiti-lo?), por parte das igrejas.

É tempo de pensar a sério na nossa actividade pastoral para com os jovens que se pretende desafiadora e supridora de necessidades ao mesmo tempo que dinâmica e actual. A questão coloca-se igualmente ás igrejas “avançadas” que têm ao seu dispôr todos os recursos e tecnologias e àquelas cujo trabalho juvenil consiste apenas de estudo bíblico sistemático e uns passatempos ocasionais. Aplica-se a pequenas comunidades que se veêm a braços com uma mão cheia de jovens “problemáticos”, sem liderança adequada e, também, a grandes igrejas que têm ao seu serviço uma equipa vasta dedicada a este grupo etário em particular.

O maior e mais importante princípio no trabalho juvenil é tão antigo quanto válido em qualquer lugar e qualquer situação. Não tem nada a ver com as tecnologias utilizadas nem com as estruturas dos programas. Pode sumarizar-se numa palavra: Exemplo. Sem descurar a importância do planeamento do ensino e organização de actividades promotoras da formação de valores, que a seguir desenvolveremos, a verdade é que aquilo que não for vivido não pode de facto ser ensinado. O líder de jovens é, mais do que um animador ou organizador, um modelo. Jesus demonstrou esta realidade no seu processo de discipulado. Ao escolher os Seus discípulos, convidou-os a segui-lO afim de que pudessem vê-lO viver a Sua vida e aprender, ensinou de forma clara e prática os princípios espirituais que mudariam e impulsionariam as suas vidas, demonstrou a prática do ministério em amor e compaixão, treinou-os pela acção, incentivo e correcção. Jesus foi o exemplo, o modelo que eles seguiram. Esta geração também precisa de líderes que vivam de forma próxima um cristianismo autêntico, que invistam nas suas próprias vidas espirituais, que demonstrem a vivência de valores mesmo quando desconsiderados. Honestos, transparentes, fieis, motivadores e impulsionadores. Modelos.

O ministério de jovens existe para os servir. È mais do que uma actividade recreactiva, cultural ou social, ainda que possa (e deva!) incluir todas estas. È essencialmente espiritual e esse deve ser o centro do planeamento.

Como ministrar espiritualmente aos jovens?

· Crie um ambiente de confiança.

A proximidade do relacionamento, a aceitação, o amor, a frontalidade e a firmeza, são elementos indispensáveis a que os jovens se sintam seguros e abram as suas vidas ao ministério da Palavra, do Espirito e do Pastor. Num ambiente de confiança podem estabelecer-se relacionamentos sólidos de apoio entre pares, podem discutir-se os assuntos mais íntimos e dolorosos, acontecerem as mudanças mais significativas. Para um ambiente de confiança é fácil convidar um amigo porque também ele se sentirá bem, aceite e tomará opções que definirão a sua vida.

· Descubra as necessidades patentes no grupo.

Que valores precisam ser implementados ou reforçados? Da pessoa humana – a valorização do outro? Do indivíduo - a valorização de si mesmo, filho de Deus e cidadão responsável? Da família – valorização dos relacionamentos familiares? De Deus – valorização do relacionamento com Deus, da oração, da obediência á Sua vontade, do Temor, do serviço cristão.

· Motive e impulsione à prática dos valores espirituais e morais.

Que todos sejam praticantes e não somente ouvintes. A prática será demonstrada pelas opções que se fazem no dia a dia na defesa dos valores apreendidos, quando confrontados na escola/trabalho, no cinema, em casa, com os amigos e quando se está só (Deus está sempre presente!). Serão praticados valores espirituais quando se enquadra, por exemplo, num projecto de desenvolvimento pessoal através do estudo bíblico, meditação, oração; quando se envolve com outros na partilha construtiva de experiências e conhecimentos; quando dá testemunho de quem é e do que crê. Serão praticados valores morais quando se fazem escolhas firmes de honestidade (sem mentira, sem engano), de pureza (sexual, mental) e de integridade (de convicções fortes, responsável).

Como planear ensino para a formação de valores?

As estratégias utilizadas podem variar tal como os recursos. Podem fazer-se Palestras, Grupos de Discussão, Seminários, Debates, etc., usar-se excertos de filmes, recortes de jornais, drama e outros; mas o planeamento deve ser feito a longo prazo, visando objectivos concretos em resposta a necessidades definidas.

Deve ser sistematizado de forma crescente, construtiva do objectivo, conducente á reflexão e sempre conter uma aplicação prática que promova o envolvimento individual e a tomada de decisão.

Tomemos como exemplo a necessidade de formar valores de pureza.

Sabendo que Deus é a fonte da pureza, teremos de nos certificar que o indivíduo tem a oportunidade de escolher entregar-se de uma forma profunda a Ele, num relacionamento pessoal. Precisará compreender as implicações práticas do carácter Santo de Deus na vida humana. Terá ainda de entender o valor de amá-lO, reverenciá-lO, honrá-lO, enfim, querer agradar-lhe. Deverá ter a oportunidade de escolher viver de acordo com o Seu carácter de santidade – numa dedicação pessoal á Sua vontade. Isso irá determinar as opções que tomará quanto ao sexo, quanto ao que lê, aos pensamentos, conversas e relacionamentos que alimenta, mesmo quando essas opções forem contrárias à opinião da maioria, á vontade de um alguém muito significativo ou aos hábitos anteriormente adquiridos. Deverá ter oportunidade de tomar e defender a sua posição de forma pública. Isto pode ser um processo, realizado por etapas constituídas por uma reunião ou por um conjunto de reuniões, sempre promovendo a aplicação individual e a decisão: conversão, entrega, consagração.

Como promover os valores através de actividades?

As actividades podem ser uma oportunidade prática de exercitar os valores. Quando mobilizam um grupo os seus elementos são incentivados uns pelos outros á preservação e defesa daquilo em que acreditam e o relacionamento torna-se mais coeso e transparente facilitando a estima e o cuidado de uns pelos outros.

São uma oportunidade de tornar claro perante uma sociedade cada vez mais secularizada e materialista a diferença entre SER e TER.

Promover os valores através de actividades: Desafios à consagração

Actividade

Finalidades

Noitadas de Oração

Promovem unidade espiritual no grupo, consagração individual e ampliam a vontade de vencer, avançar, conquistar e implantar o Reino de Deus

Dia de Jejum

Promove disciplina espiritual, evidencia determinação em querer conhecer e obedecer a Deus, o indivíduo assume uma predisposição de mudança.

Retiros Espirituais

Proporcionam uma busca mais intensa de Deus, promove a partilha espiritual, o crescimento individual através da tomada de decisões determinantes para a vida.

Desafios ao Evangelismo

 

Acções de oração junto ás escolas. Promove o inconformismo para com o presente estado de coisas e o desejo de ver Deus em acção.

Acções de oração e evangelismo junto de grandes ajuntamentos juvenis (concertos, jogos futebol, etc.)

Promove o amor e compaixão pelo próximo e a ousadia em testemunhar. Podem ser utilizados panfletos criativos e/ou serem feitas manifestações claras em defesa dos valores que estiverem postos em causa (acções criativas contra a violência, pela pureza, etc.)

Oração e Evangelismo e Apoio Social em zonas de delinquência juvenil

Promove a consciência da necessidade de Deus, sensibiliza para as necessidades do outro, promove a consagração e a gratidão pela vida.