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As sociedades de hoje são cada vez mais multiculturais e diversificadas. Este facto empresta o colorido da diferença, sempre benéfico para uma construção mais rica da pessoa e da comunidade, por uma cosmovisão alargada, no desenvolvimento de uma atitude de compreensão empática pelo outro, qualquer que seja o seu credo, a sua côr ou o seu status social. E constitui um desafio. Porque a diferença também se revela nas problemáticas inerentes ao êxodo das populações, pela sobrelotação de uns espaços geográficos a custo da desertificação de outros e consequente diminuição das condições de vida, do emprego qualificado justamente remunerado, da habitação condigna, da igualdade de oportunidades e acréscimo da violência, da pobreza, da (des)educação e da desordem. Aumentam os desfavorecidos, os dependentes e os delinquentes. E cresce o desafio. A todos os que se encontram em situação de olhar com olhos de ver e sentir com o coração, que se dispõem a estender uma mão sem considerar o que vai trazer no regresso, que pensam que têm uma palavra a dizer, coloca-se uma escolha: a escolha de agir. A Igreja tem uma acção a tomar.

A multiculturalização a par com a disseminação da tolerância que exige uma sociedade democrática, aberta a pensares diferentes sobre a crença, a vida e a moral mais do que como costume, como princípio, conduz a uma liberalização dos valores, ou deveria dizer, lassidão... que faz perigar o equilíbrio da própria sociedade e coloca em causa o futuro saudável da sua existência, uma vez que dessa mesma existência fazem parte integrante os valores. Aqui se encontra outro desafio. A Igreja tem uma palavra a dizer.

O papel social da Igreja como garante da conservação e implementação de valores éticos e morais.

Na família. A Igreja tem uma palavra a dizer. Pelo incentivo à construção de relacionamentos conjugais fortes, assentes no respeito mútuo e na mútua aceitação, no desenvolvimento de laços de amor e interdependência que privilegiem a partilha de um projecto de vida. Pelo ensino de uma paternidade responsável, encorajadora de uma geração que determina o futuro com solidez , integridade e valor.

Na educação. A Igreja tem um palavra a dizer. No ensino dos valores morais e espirituais, na construção do carácter, como meio de encontrar resposta às grandes questões da vida e suporte na decisão. Através da dinamização de grupos de jovens e de crianças, que aprendem a relacionar-se consigo, com Deus e com o outro ao tempo em que crescem e se divertem.

Na intervenção. A Igreja tem uma palavra a dizer. Porque não tem apenas opinião, tem sólidas convicções, a Igreja não pode ficar calada quando assiste ao desmoronar do valor do indivíduo em si mesmo, pela perca dos seus valores e pela falta de conhecer o Criador, que tanto o valoriza, de uma forma pessoal. A Igreja tem de elevar a sua voz e gritar de todas as formas que a técnica já inventou a Sua mensagem, que é afinal, a mensagem de esperança e de amor que a sociedade necessita.

O papel da Igreja no apoio social, o rosto visível de uma fé invisível.

Aos desfavorecidos. As bolsas de pobreza num planeta em que a distribuição da riqueza é tão desigual, continuam a crescer. São vítimas da guerra (como em Angola), ou da falta de recursos naturais (como em Moçambique) mas morrem a cada segundo desidratados, desnutridos e doentes. O excesso de uns poderia acabar com a fome de outros. E os poderes político-económicos poderiam fazer melhor redistribuirão, é verdade! Mas a falta de interesse destes não pode desculpar aqueles a quem Ele deu os recursos do Seu amor. A responsabilidade da Igreja neste campo é muito grande. A propósito de um episódio em que um discípulo sugeriu abençoar os pobres com o valor de um presente oferecido a Jesus, Este declarou: “Os pobres, sempre os tendes convosco...”. Esta é a verdade. Hoje temos muitos pobres connosco e muita oportunidade para abençoar alguns. Ministrar aos pobres é algo inerente à própria essência da igreja, porque é inerente ao amor e o amor é a razão de ser da igreja. E não é absolutamente necessário sair do nosso país, cidade, bairro, vila ou aldeia para encontrar desfavorecidos... basta abrir os olhos e o coração!

Os dependentes. A autonomia é um privilégio querido pelo ser humano. Alguns já a perderam (ex. idosos), outros ainda não a adquiriram (ex.crianças). Sempre que essa é a situação, encontram-se vulneráveis, diminuídos na sua capacidade de auto-suficiência física ou emocional. Numa sociedade em que a pirâmide etária aponta para o envelhecimento da população como a nossa, esta é uma área de grande carência. A prestação de cuidados e transmissão de afecto podem fazer sorrir outra vez lábios cerrados pela tristeza e fazer nascer um raio de esperança num coração embotado pelo desilusão de uma velhice que se sonhava diferente e mais feliz. Também aqui a Igreja tem uma palavra a dizer... e muitas acções a fazer. Basta tomar a iniciativa de cuidar daqueles que na comunidade em que se insere se encontrem na situação de dependência, pela idade ou pela doença, movidos pela paixão e (com)paixão.

Os delinquentes. São aqueles que preferíamos não ver mas que nos entram “pelos olhos a dentro” todos os dias, ao cruzarmos as ruas da terra em que habitamos. São aqueles que de uma ou de outra forma, por esta ou aquela razão, decidiram (ou talvez não!) desviar-se do caminho do comportamento esperado, saudável para si, para a família e para a sociedade. Revoltados e desesperançados arrastam-se pelos cantos do seu desespero em que, até parece, ás vezes a sociedade os quer manter. Gritam com vozes de silêncio no estender do braço que apodrece... Não se ouve, mas gritam e pedem socorro! A Igreja não pode ficar indiferente! Não pode simplesmente estender um dedo acusador por todas as más escolhas que fizeram vendendo-se ao álcool, á droga, ao sexo... A Igreja pode abrir a porta da confiança, o caminho da esperança para uma vida nova. A Igreja tem a resposta para o grito.

Os que sofrem. Na sociedade deste século os sofrimentos emocionais e espirituais crescem em virtude das expectativas não alcançadas e do ritmo alucinante da vida. E há pessoas que sofrem. Sofrem por relacionamentos quebrados, por não se encontrarem, não se realizarem, não serem tão bem sucedidas nem tão competitivas... Precisam da Igreja. É também essa a sua vocação. Oferecer um ouvido que ouve em empatai e compreensão e que não julga... mas ajuda a encontrar caminhos para fora do sofrimento.

O papel social da Igreja Evangélica em Portugal

A Aliança Evangélica Portuguesa. Órgão representativo dos evangélicos em Portugal, é a sua voz. Congrega cristãos e igrejas evangélicas de todo o país e está associada com a Aliança Evangélica Europeia e a Aliança Evangélica Mundial. Está organizada em Assessorias e Comissões que trabalham em diversas áreas. Delas destacamos a assessoria de Teologia e Ética que estuda e emite pareceres quanto á posição dos evangélicos em assuntos relacionados com a fé e com os valores, a COMACEP, órgão regulador e dinamizador da do ensino de EMRE – Educação Moral e Religiosa Evangélica nas escolas públicas e a Comissão de Televisão, responsável pela orientação do programa Luz das Nações e da participação Evangélica no programa Caminhos.

Instituições Particulares de Solidariedade Social. Espalhadas por todo o país e directamente apoiadas pelas igrejas evangélicas e seus membros, têm como objecto social o apoio domiciliário, creches e jardins de infância, A.T.L., alimentação a carenciados, distribuição de roupas e bens, orfanatos, lares de terceira idade e centros de dia, ateliers e centros de alfabetização.

Destacamos, a título de exemplo o trabalho realizado pelo Exército de Salvação, desde há muito em Portugal, no apoio aos carenciados em diversas zonas do país, no Lar de Terceira Idade e no Orfanato, situado no concelho de Sintra.

Referimos também o trabalho efectuado com órfãos pelo Lar de Betânia, em Estremoz e Lar de Betel, em Vendas Novas, que há mais de trinta anos proporciona um lar a crianças que não o tinham.

No trabalho com dependências como drogas e álcool, referimos o Desafio Jovem, cujo trabalho na reabilitação e reinserção é já bem conhecido no país, e a Cruz Azul.

Na alfabetização referimos a Alfalit, organização internacional que no nosso país conta já com diversos centros.

Missões. A Igreja portuguesa tem uma responsabilidade especial para com os países que falam a sua língua. E são tantas as áreas em que pode ser útil. No âmbito missionário destacamos o trabalho que a Associação Vida Abundante tem vindo a desenvolver em Angola, onde mantém uma escola com 5.000 alunos retirados da rua em Luanda e para quem providencia ensino e alimentação, desenvolve um programas de alfabetização para todo o país em acordo com as igrejas, o estado Angolano e a Alfalit Internacional e prepara agora a construção de um bairro social, uma escola e um hospital. Também na Guiné-Bissau desenvolve um trabalho ainda em menor escala, mas de objectivos semelhantes. Em Portugal esta Associação serve a comunidade através do Apoio domiciliário, creches jardins de infância e A.T.L, apoio a carenciados, ateliers, centro de dia para a terceira idade e alfabetização.

A igreja tem uma palavra a dizer!